Triagem de Risco Nutricional: entenda o que é e para que serve

A Triagem de Risco Nutricional é um processo que requer treinamento e cuidados por parte do nutricionista.

Embora ela tenha o objetivo de ser aplicada por outros profissionais, pelo cliente ou pela família, o nutricionista é, geralmente, responsável pela seleção, implantação e treinamento de instrumentos padronizados.

Pensando em esclarecer essas particularidades, falaremos, neste post, sobre o conceito de Triagem de Risco Nutricional.

Nos tópicos a seguir, vamos discutir o objetivo do procedimento e as situações em que ele deve ser realizado.

Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!

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O que é a Triagem de Risco Nutricional?

A Triagem de Risco Nutricional é o rastreamento que auxilia na identificação de risco, particularmente de desnutrição.

O instrumento é comumente aplicado no ambiente hospitalar e se tornou uma prática importante da rotina de muitas instituições da área de saúde.

Quanto mais cedo forem identificados os riscos de desnutrição, mais prática e eficaz é a avaliação, o diagnóstico e a intervenção.

Com isso, aumenta-se a possibilidade de retardar, ou mesmo evitar, o seu desenvolvimento nos mais diversos casos.

Qual é a necessidade do procedimento?

Apesar de ser um processo descomplicado, a triagem é de grande importância, uma vez que o procedimento investiga dados nutricionais simples e essenciais.

A partir da identificação de risco, há a indicação de entrada no primeiro passo formal do Processo de Cuidado em Nutrição, que é a avaliação.

Na triagem, existem alguns grupos que são considerados de risco e, por isso, devem receber atenção especial do profissional.

Veja os exemplos, a seguir:

  • baixo peso ou perda de peso involuntária, acima de 10%, nos últimos 6 meses;
  • mudanças drásticas na dieta;
  • dificuldade frequente de absorção de nutrientes;
  • quadro de desnutrição anterior;
  • histórico de cirurgias recentes;
  • infecções;
  • enfermidades gastrointestinais;
  • cicatrização difícil.

Quando a triagem deve ser realizada?

Como apontamos no tópico anterior, as situações de risco devem ser observadas prontamente. Logo, a Triagem de Risco Nutricional deve ser realizada ao menor sinal de algum desses casos destacados. Indivíduos com doenças graves, degenerativas ou lesões devem ter prioridade.

Vale lembrar que a idade também é um fator de risco — assim, pessoas com mais de 70 anos possuem um elemento adicional.

A recomendação é que, em pessoas hospitalizadas, a triagem aconteça de 48 a 72 horas após a entrada.

Quais são os métodos usados para avaliar o risco nutricional?

A triagem inclui a aplicação de questionários que ajudarão na identificação de fatores que podem impactar no estado nutricional dos pacientes, tais como idade, falta de apetite, perda ou redução de absorção de nutrientes, alterações neurológicas ou cognitivas e baixa força física, entre outros.

É importante lembrar que existem diferentes tipos de questionários, e cada um deles se adapta à realidade da população sendo triada.

Por isso, o nutricionista deve escolher aquele que mais se encaixa às necessidades da instituição.

Saiba mais sobre os instrumentos utilizados para triagem de risco nutricional, a seguir.

NRS 2002 (Avaliação de Risco Nutricional de 2002)

Esse protocolo de triagem é indicado para adultos e idosos, usado para detectar o risco de o cliente desenvolver desnutrição durante a internação e identificar aqueles que precisam de acompanhamento nutricional.

A avaliação considera dois componentes: o nível de estresse metabólico da doença e o estado de nutrição do cliente — classificados como ausente, leve, moderado ou grave, e medidos entre os valores de 0 a 3.

Assim, é feito o somatório de ambos os componentes e acrescentado um ponto caso o indivíduo tenha 70 anos ou mais. Se o resultado for igual ou acima de três pontos, é constatado o risco nutricional.

MUST (Método de Avaliação Universal de Desnutrição)

Podendo ser usado tanto em idosos quanto em adultos hospitalizados, o MUST também é uma ferramenta simples e rápida, que considera três itens fundamentais: IMC, perda de peso involuntária nos últimos 3 ou 6 meses e o impacto da doença na ingestão alimentar.

Para realizar a aferição, são considerados o peso e a altura do cliente, estimativa do efeito agudo da doença e avaliação da perda de peso recente e involuntária.

Com isso, é feita uma pontuação para avaliar o risco nutricional, sendo:

  • 0 — baixo risco nutricional;
  • 1 — médio risco nutricional;
  • 2 — alto risco nutricional.

A partir desses dados, é elaborado um plano de tratamento nutricional de acordo com a categoria do cliente, em que 0 necessita apenas de cuidados de rotina, 1 releva a necessidade de observação e 2, a importância de tratamento.

MST (Instrumento de Triagem de Desnutrição)

O MST é um instrumento simples, barato e fácil de ser utilizado por qualquer profissional da saúde, pelo familiar ou pelo próprio cliente, uma vez que não inclui dados antropométricos ou outros indicadores objetivos.

A ferramenta atribui pontos entre 0 e 4 para possíveis respostas às questões sobre perda de peso e apetite. Quando somados, os resultados iguais ou superiores a 2 identificam o risco nutricional.

MNA (Miniavaliação Nutricional)

Por último, temos uma triagem voltada para os idosos, que é a Miniavaliação Nutricional.

Ela analisa diversos componentes, como a perda de peso recente, mobilidade, estresse, problemas neuropsicológicos, IMC e circunferência muscular, entre outros.

Cada uma das questões apresenta uma pontuação específica. Por isso, é importante acessar o guia para seguir corretamente essa avaliação e, com isso, identificar se o cliente é desnutrido ou sofre risco de desnutrição.

O instrumento é administrado em duas partes. As primeiras seis questões abrangem os componentes da triagem. A segunda parte é específica como ferramenta de avaliação.

Os estudos acerca da necessidade de Triagem de Risco Nutricional identificam que a ausência da implementação adequada da terapia pode impactar diretamente a saúde do internado, aumentando o índice de mortalidade e gastos com a doença.

Na avaliação de 56 pessoas com risco nutricional, que tiveram acesso à terapia durante sete dias, houve a diminuição de 58,9% do risco nesses indivíduos.

Além disso, 87,9% dos internados que faleceram ou foram transferidos para as Unidades de Cuidados Paliativos apresentavam risco de desnutrição — ou seja, são casos que poderiam ter sido evitados por meio da triagem.

Existem, ainda, outros desfechos clínicos, como o aumento no tempo de internação, comorbidades não infecciosas hospitalares e infecções que aparecem em situações de pessoas com risco nutricional.

Como vimos ao longo do artigo, a Triagem de Risco Nutricional está diretamente ligada ao primeiro passo do Processo de Cuidado em Nutrição, que é a avaliação.

Por isso, quanto antes houver a identificação de risco, mais cedo o nutricionista poderá aplicar a avaliação.

Esse já é um método aprofundado e específico, que gera o diagnóstico em nutrição e desencadeia as intervenções apropriadas.

Porém, apesar de ser uma metodologia simples, a Triagem de Risco Nutricional precisa ser adequadamente entendida.

O assunto é tratado em especializações, que podem dar muita base para a escolha de instrumentos e dicas de treinamentos.

Por isso, é importante que estabelecimentos médicos reconheçam a importância dessa aferição para o cuidado ideal dos internados.

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