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Entenda como deve ser a terapia nutricional no paciente queimado

Uma das atuações da nutrição clínica é tratar de pacientes internados. O profissional atua em uma equipe multidisciplinar, sendo responsável pelo cuidado e a recuperação de pessoas em ambiente hospitalar.

No caso da terapia nutricional no paciente queimado, o nutricionista precisa lidar com situações adversas e com respostas rápidas, tendo em vista o alto risco de morte.

De fato, a nutrição tem um papel fundamental na recuperação desses pacientes, uma vez que manifestam um quadro de hipermetabolismo muito superior a outras situações de estresse físico.

Ou seja, quanto mais graves as queimaduras e lesões, maiores as necessidades nutricionais do paciente.

Por isso é tão importante que o nutricionista saiba agir rapidamente, contribuindo para a boa recuperação dessas pessoas.

Mas como isso acontece na prática? Neste artigo mostramos como é a terapia nutricional em pacientes queimados e a importância do tratamento.

Acompanhe!

Qual a importância da terapia nutricional no paciente queimado? 

A recuperação de uma pessoa com queimaduras pode demorar bastante, dependendo do tipo e da extensão.

No caso de lesões que ocupam mais de 40% da superfície corporal, por exemplo, as respostas hipermetabólicas e hipercatabólicas podem ser altas e durar por até 24 meses.

Por sinal, a nutrição inadequada, somada a quadros de infecções e sepses, são os grandes responsáveis pela falência múltipla de órgãos e, consequentemente, da morte desse tipo de paciente. 

Dessa forma, a terapia nutricional no paciente queimado é essencial para a redução de complicações e a mortalidade.

Por isso mesmo, ela precisa ser rápida, individualizada e adequada às necessidades de cada um. O nutricionista deve acompanhar desde a entrada do paciente até o período de reabilitação.

O tratamento precisa ser feito de acordo com a evolução da enfermidade.

Como esse tipo de terapia deve ser conduzido?

O quadro das queimaduras costuma ser acompanhado por muita dor, além de dificuldades motoras, efeitos colaterais da medicação e até depressão.

Assim, dificilmente os pacientes conseguem repor suas necessidades nutricionais por via oral. Ou seja, muitas vezes é preciso usar a alimentação via enteral ou a nutrição parenteral, em alguns casos. 

A sonda enteral para alimentação deve ser inserida no paciente logo que possível. Ela é recomendada desde a fase de ressuscitação, nas primeiras horas seguintes às queimaduras.

Entre 6 e 12 horas, o procedimento é totalmente seguro, sendo feita a adequação de acordo com a resposta hipermetabólica, que pode proteger a integridade intestinal.

No entanto, em casos em que os pacientes apresentam disfunção ou falência gastrointestinal, a terapia nutricional via enteral pode não ser possível.

Isso pode acontecer pela hipertensão abdominal ou mesmo pela síndrome do compartimento abdominal.

Essa intolerância à alimentação enteral costuma acontecer em cerca de um terço dos pacientes com grandes queimaduras, exacerbando o déficit calórico e proteico.

Uma das estratégias para minimizar a intolerância é posicionar a sonda pós-piloro, administrando continuamente a dieta.

Quando o quadro se estabilizar e existir a possibilidade de ingestão oral, pode-se administrar alimentos, alternados com a sonda.

Além disso, alguns suplementos proteicos podem ser inseridos na dieta para complementar o aporte de proteínas.

Quais as principais necessidades nutricionais de pacientes queimados?

O gasto energético chega a duplicar depois de uma grande queimadura. Mas a quantidade de energia necessária varia muito de um paciente para outro, inclusive mudando diariamente.

A demanda energética é bem maior nos primeiros estágios da queimadura e tende a declinar progressivamente, conforme o tratamento é administrado.

A estimativa é que para cada metro quadrado de pele queimada ocorra a perda de 20 a 25 gramas de nitrogênio por dia.

Dessa forma, pode acontecer perda de até 10% do peso corporal ainda na primeira semana depois da queimadura, caso não seja feita a terapia nutricional.

Consequentemente, podem ocorrer:

  • disfunção imunológica;
  • alterações na cicatrização;
  • lesões de pressão;
  • aumento na taxa de infecções.

Por isso, é recomendado o aporte de 1,5 a 2 gramas de proteína por quilo do peso corporal do paciente ao dia, ou até 22% do total calórico, para adultos.

Ainda assim, não existe um consenso sobre o aporte proteico ideal na terapia nutricional no paciente queimado.

Como é feita a suplementação em pacientes com queimaduras?

Não existem diretrizes específicas para a suplementação multivitamínica em pacientes queimados, mas ela é feita pela maioria dos centros de recuperação.

Afinal, muitas delas têm papel central na cicatrização, como é o caso da vitamina C, que é antioxidante.

Ela pode ser administrada em doses diárias de 3 gramas, por 3 a 6 dias após a queimadura.

Depois, é recomendada a manutenção, com dose de 500 a 1.000 mg por dia, em queimaduras menores, e 1 a 2 gramas por dia nas maiores.

Já para a vitamina A, sugere-se a dose diária de 10.000 a 25.000 UI, dependendo da extensão da queimadura e do peso corporal.

Essa suplementação é muito importante para queimados com deficiência ou que estão recebendo esteroides.

No entanto, por haver o risco de intoxicação (hipervitaminose), não é recomendada a suplementação de longo prazo.

Além disso, é preciso considerar todas as fontes da vitamina, inclusive da dieta via sonda.

No caso da vitamina D, a suplementação pode ser necessária porque os enxertos não sintetizam a substância.

Apesar de não haver dose estabelecida, recomenda-se a administração de 50.000 UI semanais, durante oito semanas.

A vitamina K deve ter seus níveis monitorados, uma vez que ela atua diretamente na cicatrização. A suplementação de 5 a 10 mg uma a três vezes por semana, quando há suspeita de deficiência.

Isso pode acontecer, principalmente, em casos de uso prolongado de antibióticos e da má absorção desse nutriente.

Outros micronutrientes podem ser administrados em quantidades menores, dependendo das necessidades nutricionais de cada paciente queimado.

É o caso do cobre (4 a 5 mg por dia); do selênio (300 a 500 mcg por dia); do cromo (15 mg por dia); zinco (40 mg por dia).

Por fim, é fundamental destacar a importância da reidratação, uma vez que ocorrem perdas evaporativas e pelo exsudato dos ferimentos.

Em um primeiro momento, deve-se fazer a ressuscitação hídrica, com a reposição dos líquidos vasculares. Para tanto, a excreção de urina deve ser usada para medir a perfusão renal e cardíaca. 

O fato é que a terapia nutricional no paciente queimado exige abordagem específica. O tratamento deve ser individualizado, de acordo com as características de cada pessoa e seus ferimentos.

Portanto, é muito importante que a equipe multidisciplinar atue de maneira coordenada para a recuperação rápida e segura.

Gostou de saber como é a terapia nutricional no paciente queimado? Quer saber mais sobre o assunto?

Então, entre em contato conosco para tirar suas dúvidas e saber como se aperfeiçoar na área!

 

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