Segundo o relatório The State of Food Security and Nutrition in the World 2017, atualmente, mais de 825 milhões de pessoas passam fome no mundo.
No entanto, esse é apenas um recorte do que, de fato, representa o quadro de uma pessoa desnutrida, tendo uma série de outros conceitos por detrás desse problema.
A pior situação para o aparecimento da desnutrição é, sem dúvida, o ambiente hospitalar.
Pensando nisso, preparamos este artigo, no qual detalharemos sobre a definição atual de desnutrição, bem como as causas e as consequências do problema, maneiras de realizar o diagnóstico e outras informações.
Confira!
O que é a desnutrição?
O conceito de desnutrição, há algum tempo, deixou de ser apenas relacionado a uma doença.
Atualmente, ele pode ser definido também como um conjunto de distúrbios que compreende consequências patofisiológicas causadas pela baixa ingestão de nutrientes, inanição e/ou injúria.
Por isso, a desnutrição é reconhecida como uma desordem.
Ela altera a composição corporal e diminui a função do organismo, levando à diminuição da massa magra e a piora da resposta imunológica.
Existem diferentes maneiras de definir o problema. Mais adiante explicaremos um pouco sobre elas.
Quais são as causas e os sintomas da desnutrição?
Diversas causas podem levar um indivíduo à desnutrição. Por isso, é importante conhecê-las, bem como os seus sintomas. Acompanhe!
Baixa ingestão de nutrientes
Anorexia, bulimia e ortorexia são alguns exemplos de distúrbios alimentares que podem levar uma pessoa a um quadro de desnutrição.
Geralmente, eles fazem com que o indivíduo reduza drasticamente a alimentação ou pare com ela, o que leva à deficiência de energia e nutrientes no organismo.
Aumento das necessidades de nutrientes
Muitas enfermidades agudas podem levar à desnutrição, como pancreatite, infecções, queimaduras, traumas cerebrais, em virtude de acidentes, por exemplo.
Nesses casos há, principalmente, aumento significativo das necessidades de energia e nutrientes, que pode levar à desnutrição em período curto de tempo.
Alteração do metabolismo de nutrientes
Várias enfermidades, como diabetes, doença renal crônica, insuficiência hepática ou cardíaca crônicas, podem aumentar o risco de desnutrição, porque altera a produção de novos tecidos.
Também o câncer, principalmente em estágio terminal, pode causar a desnutrição do indivíduo.
Isso acontece porque tanto as reservas de gordura quanto os próprios músculos são rapidamente consumidos para equilibrar o organismo, levando à caquexia, desnutrição grave.
Perda de nutrientes
Situações como diarreia, diálise, fístulas intestinais, queimaduras, entre outros, aumentam o risco da desnutrição, devido às altas perdas de nutrientes.
Portanto, observar os sintomas para prevenir a desnutrição, tão logo seja possível, é essencial. Alguns indicadores clínicos ajudam nessa identificação. Entre eles, estão:
- perda de peso não intencional;
- ingestão alimentar insuficiente;
- perda de massa muscular;
- perda de gordura subcutânea;
- baixa imunidade;
- cicatrização lenta;
- letargia;
- retenção hídrica (local ou generalizada);
- redução das funções físicas, como a perda de força de pressão das mãos.
Quais são os tipos de desnutrição e as suas classificações?
A desnutrição pode ser dividida em três grupos diferentes, segundo consenso da Academy of Nutrition and Dietetics (AND) e da American Society of Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN).
Desnutrição relacionada à doença ou injúria aguda
A inflamação é aguda e grave.
Entre os exemplos que levam a esse quadro estão pneumonia, peritonite, infecções de feridas, grandes queimaduras, traumas, injúria pulmonar aguda, síndrome de distresse respiratório do adulto, cirurgias eletivas grandes.
Desnutrição relacionada à doença ou condição crônica
É resultado de uma inflamação crônica que varia de grau leve a moderado.
Ela pode ser oriunda de doença renal crônica e outras insuficiências de órgãos, artrite reumatoide, obesidade sarcopênica, doenças gastrintestinais, diabetes, insuficiência cardíaca congestiva e doença pulmonar obstrutiva crônica.
Desnutrição relacionada a circunstâncias sociais/ambientais
Essa classificação da desnutrição ocorre quando há baixa ingestão alimentar crônica, mas sem inflamação.
Entre os exemplos, podemos citar anorexia nervosa, depressão, negligência, pobreza, fragilidade e qualquer coisa que resulte falta de interesse na alimentação ou em acesso limitado aos alimentos.
A classificação é identificada pelo profissional da nutrição mediante diferentes metodologias, que mostraremos melhor a seguir.
Análises como história nutricional, exame físico, medidas antropométricas, testes laboratoriais, comparação das necessidades energéticas com as estimativas ingeridas, vão ajudar a identificar riscos precoces de desenvolvimento de desnutrição.
Como são feitos os diagnósticos de desnutrição e os cuidados após o resultado?
Vários métodos e ferramentas podem ser utilizados no diagnóstico de desnutrição. Entre eles, estão:
Medidas antropométricas
O IMC (Índice de Massa Corporal) ajuda a identificar a obesidade e também a desnutrição em crianças, adolescentes, adultos e idosos.
O cálculo visa identificar a quantidade de gordura corporal da pessoa, por meio de uma divisão básica: o peso, em quilogramas, pela altura, em centímetros, elevada ao quadrado.
Se o índice estiver entre 18,5 e 25, o indivíduo é considerado saudável. Entre 17 e 18,5, subnutrido; 16 e 17, desnutrido; abaixo de 16, em estado de desnutrição grave.
Em crianças, é comum utilizar métodos que medem a altura, o peso e, até mesmo, a circunferência do braço.
Já o peso e a altura são comparados aos índices e aos padrões para a idade da criança.
Dados da ingestão
Tão importante quanto a antropometria, os relatos sobre a ingestão alimentar do indivíduo, em relação à qualidade e à quantidade de nutrientes, são extremamente importantes para o diagnóstico de desnutrição.
O sucesso da intervenção em nutrição vai depender dos dados da ingestão, que devem ser coletados e analisados de maneira precisa e correta.
Achados físicos
Em casos graves de desnutrição, basta dar uma olhada geral no indivíduo e já é possível identificar a desnutrição.
As reservas de gordura e massa muscular são o foco mais utilizado no exame físico.
Já a análise de outras partes do corpo, como cabelos, olhos, cor da pele, mucosas da boca, pode identificar deficiências de nutrientes específicos, como proteínas, ferro, vitaminas do complexo B, entre outros.
Após o diagnóstico, começa a intervenção, que é fase de tratamento. Vale lembrar que existem casos distintos, e o nutricionista deve estar atento para fazer a escolha correta para cada situação.
Entre os cuidados, está a colocação de sonda nasogástrica (tubo inserido no nariz e que leva nutrientes em estado líquido até o estômago); gastrostomia (tubo inserido no estômago, também para a passagem de nutrientes líquidos).
Em casos mais graves, quando a nutrição via sonda não é suficiente ou indicada, a nutrição parenteral (nutrientes administrados pela veia) pode ser utilizada.
Em muitos casos, a orientação do nutricionista é suficiente para a adequação e melhora da ingestão de nutrientes, mesmo que seja de maneira gradativa.
Portanto, conforme visto aqui, a desnutrição tem uma série de fatores de risco que vão desde as dificuldades socioeconômicas até doenças agudas e crônicas.
Por isso, a presença e a especialização do nutricionista são tão importantes para prover um tratamento adequado a cada um dos casos.
Esperamos que o nosso artigo tenha sido útil para esclarecer os principais pontos relativos à desnutrição.
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