Diagnósticos de nutrição são aqueles de uso específico do nutricionista. A padronização internacional dessa terminologia pode trazer muitos benefícios, como a melhoria da comunicação, da qualidade, da eficiência e da remuneração dos serviços.
E como consequência, melhoria dos resultados. O objetivo deste texto é apresentar as bases dos diagnósticos padronizados de nutrição de forma simples e objetiva.
Para começar, você já deve ter percebido que uma grande limitação na área da nutrição é a falta de padronização de diagnósticos específicos à profissão.
Muitas vezes nos apossamos de termos utilizados pelos médicos. Mas, veja, o CID, que é a sigla para Código Internacional de Diagnósticos, é uma lista que foi desenvolvida para uso dos médicos, e não para os nutricionistas.
Um diagnóstico médico pode, ou não, ter relação com intervenções realizadas por um nutricionista. Portanto, o CID não é adequado a nós.
Então, há necessidade de uma lista só para nós, nutricionistas. E essa lista já existe!
A padronização internacional dos diagnósticos de nutrição foi proposta em 2006, pela Academy of Nutrition and Dietetics (AND) dos Estados Unidos, e foi revisada várias vezes nos últimos anos.
A padronização foi adotada por vários países, como Canadá, Austrália, Inglaterra, Japão, Filipinas, Suécia e Suíça, entre outros.
No Brasil, a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), dentro do Manual Orientativo: Sistematização dos Cuidados de Nutrição (http://www.asbran.org.br/arquivos/PRONUTRI-SICNUT-VD.pdf), também adotou a padronização internacional dos diagnósticos de nutrição.
Agora precisamos, todos, aprender, praticar, ensinar e compartilhar.
Vamos lembrar que os diagnósticos de nutrição ligam a avaliação com a intervenção nutricional. Na avaliação, você reúne e analisa os dados, ou indicadores, para produzir um diagnóstico de nutrição.
A partir dele, você planeja as intervenções, focadas em resolver as causas, e fica de olho nos indicadores que identificaram o problema.
Eles precisam sair do anormal para o normal, ou para o objetivo. A partir do diagnóstico de nutrição, a intervenção deve tentar resolver o problema, mesmo que o diagnóstico médico permaneça o mesmo.
Vamos usar um exemplo: um paciente pode ter um diagnóstico médico de “câncer” e um diagnóstico de nutrição de “ingestão oral subótima”.
Mesmo que você saiba qual é o diagnóstico médico, a sua intervenção deve ser focada em resolver o problema da ingestão, e não do câncer.
Ou seja, a intervenção do nutricionista deve ter a possibilidade de resolver o diagnóstico de nutrição, e não o diagnóstico médico do paciente, embora isso deva ser levado em consideração.
É importante que você entenda que um diagnóstico de nutrição deve ser:
- Baseado em dados confiáveis e precisos da avaliação.
- Específico e centralizado no paciente.
- Relacionado a um problema de cada vez.
- Relacionado à etiologia (causa) do problema.
No Brasil, ainda é comum os nutricionistas utilizarem somente os graus de desnutrição e de obesidade, ou de eutrofia, como diagnóstico de nutrição.
Porém, temos que lembrar que o maior treinamento diferencial do nutricionista está na intervenção relacionada à ingestão de alimentos e nutrientes, de indivíduos e coletividades, saudáveis ou enfermas.
Portanto, é crucial que a avaliação e os diagnósticos de nutrição foquem e identifiquem, em primeiro lugar, as anormalidades na ingestão.
Após descartadas, o foco deve ser em relação à nutrição clínica e ao comportamento e ambiente do indivíduo ou da população.
Se você ainda não utiliza a terminologia da padronização internacional, a primeira coisa a entender é que os diagnósticos de nutrição são divididos em três domínios ou categorias:
- Ingestão
- Nutrição Clínica
- Comportamento/Ambiente Nutricional (https://aincp.webauthor.com).
Para cada um deles, você vai encontrar classes, subclasses e itens, com características únicas que contribuem para a saúde nutricional.
O maior número de diagnósticos de nutrição está no domínio “Ingestão”, lembrando que é o mais específico ao nutricionista.
Para cada diagnóstico de nutrição é designado um código, que identifica o domínio, classe ou subclasse.
Exemplo:
Para o código IN-3.1, o domínio é “Ingestão” (IN), a classe é “Ingestão de Líquidos” (-3) e a subclasse é ”Ingestão subótima de líquidos” (.1).
Os códigos podem ajudar nos sistemas computadorizados e nas análises estatísticas.
Sem uma padronização, o que acontece é você ter dificuldades de comunicação, de compreensão e na demonstração de resultados das suas intervenções.
A padronização pode ajudar a estabelecer objetivos realistas e mensuráveis para os resultados esperados e auxiliar na definição de prioridades da intervenção nutricional.
Pode auxiliar na documentação em prontuários, na melhoria da qualidade do atendimento e na gestão dos serviços.
E, por fim, mas não menos importante, pode facilitar o pagamento de seus serviços.
Podemos listar abaixo pelo menos dez razões para você usar a padronização internacional dos diagnósticos de nutrição.
10 Razões para padronizar os diagnósticos de nutrição
- Assegurar a qualidade do cuidado de nutrição e saúde do paciente.
- Promover a melhoria da qualidade do atendimento de nutrição.
- Melhorar a comunicação entre profissionais e instituições.
- Facilitar o estabelecimento de objetivos realistas e mensuráveis, e a compreensão dos resultados das intervenções de nutrição.
- Auxiliar na documentação em prontuários.
- Otimizar o estabelecimento de prioridades no planejamento da intervenção de nutrição.
- Identificar as contribuições específicas do nutricionista no cuidado da saúde.
- Ajudar na gestão dos serviços de nutrição.
- Facilitar o pagamento dos serviços de nutrição.
- Melhorar a visibilidade do nutricionista na equipe de saúde e comunidade.
Em conclusão, para provar a qualidade e a eficiência de seus serviços nutricionais, você precisa medir e apresentar resultados.
Para isso, é essencial usar passos padronizados. Os diagnósticos de nutrição são os exemplos mais importantes da necessidade de padronização internacional.
Então, se ainda não usa, vá à luta! Procure treinamento e desenvolva, o mais rápido possível, o pensamento crítico em relação a tudo isso.
Depois, é só colher os frutos do sucesso e da satisfação do seu trabalho!
Então, achou o assunto importante para alavancar a profissão?
Com certeza não só é bom para a nossa profissão, mas para toda a sociedade, não é mesmo?
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