O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica e, muitas vezes, silenciosa, que pode trazer graves consequências se não for tratada no início.
Uma delas é a nefropatia diabética, que, como o próprio nome indica, prejudica o funcionamento dos rins.
Por ser uma doença relacionada ao metabolismo e à alimentação inadequada (na maioria dos casos), o nutricionista tem papel fundamental para o tratamento do diabetes e de suas consequências.
Assim, é muito importante realizar uma abordagem terapêutica adequada, principalmente quando ocorre a nefropatia.
A questão é que esses pacientes exigem cuidados especiais. Por isso, vamos mostrar as particularidades das pessoas que desenvolvem nefropatia diabética e como fazer uma terapia nutricional adequada.
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O que é nefropatia diabética e como ela acontece?
A nefropatia diabética é uma complicação de longo prazo do diabetes mellitus (DM). Ocorre pela falta de controle dos níveis glicêmicos (hiperglicemia).
Além da nefropatia, outras complicações do DM são a retinopatia e a neuropatia.
No DM tipo 1, tanto a glicemia quanto os níveis séricos da hemoglobina glicada (A1C) aumentam bastante até o aparecimento de sintomas clínicos.
Já no DM tipo 2, o problema na secreção da insulina está relacionado à inflamação e ao estresse metabólico, junto a outros fatores, como a genética e o meio ambiente.
Além de ser uma consequência do diabetes, a nefropatia diabética pode levar à doença renal crônica.
Esta, por sua vez, está relacionada a diversos outros distúrbios e fatores de risco nutricional, principalmente em virtude dos tratamentos dialíticos, como a hemodiálise e a diálise peritoneal.
Quais são os procedimentos nutricionais recomendados para cada classificação da doença?
O padrão ideal de plano de refeições para clientes com nefropatia diabética depende do estágio da doença renal.
Além disso, varia de acordo com a presença de comorbidades adicionais, como hipertensão e insuficiência cardíaca.
Dessa forma, se uma pessoa com diabetes já segue um plano alimentar rigoroso, é necessário ter cuidados extras, se houver nefropatia.
Isso requer educação continuada, tanto em relação à ingestão de carboidratos, que interferem nos níveis glicêmicos, quanto das quantidades de proteínas, potássio, sódio e fósforo, que têm relação com a função dos rins.
As mesmas recomendações para pessoas com nefropatia diabética devem ser adotadas por transplantados renais.
Em ambos, devem ser observados os níveis séricos, como no caso do potássio e fósforo, em que há necessidade de intervenções mais individualizadas.
Só há maior dificuldade na indicação de dieta para pacientes em hemodiálise, exatamente pela tendência de acúmulo de substâncias.
Nesse caso, será importante encorajar a ingestão de fontes energéticas, uma vez que a hemodiálise pode levar à desnutrição.
Portanto, para clientes em diálise, a ingestão proteica deve ser encorajada. As fontes alimentares indicadas precisam ser ricas em proteínas, mas selecionadas conforme o menor teor de fósforo.
Os ovos, particularmente as claras, e as carnes brancas e vermelhas, são boas opções. A soja, por ser uma proteína de boa qualidade, também pode ser indicada.
No entanto, devem ser evitados alimentos industrializados, uma vez que o fósforo aditivado tem alta biodisponibilidade.
Essa recomendação também auxilia no controle da ingestão de sódio e de gorduras de má qualidade.
O uso de temperos, como ervas e especiarias secas e frescas, deve ser reforçado em qualquer fase da doença renal crônica e pós-transplante.
Isso contribui para que as refeições sejam palatáveis e coloridas, e para que a restrição de sódio seja melhor aceita pelos clientes.
Da mesma forma, abordagens individualizadas, com foco na dieta atual do cliente, podem ser mais efetivas.
Uma recomendação, por exemplo, é verificar com o cliente o que foi ingerido no dia anterior ao exame de sangue, para entender o aumento do potássio sérico.
O nutricionista pode identificar quais alimentos causaram o problema e em qual quantidade foi ingerida.
O ideal é evitar passar uma longa lista de restrições de alimentos ricos em potássio, uma vez que isso pode sobrecarregar ainda mais o cliente.
Como deve ser o cardápio para esse perfil de cliente?
A parte mais desafiadora do tratamento, em geral, é seguir um plano alimentar mais rigoroso. Portanto, não é recomendado manter um padrão único.
A dieta precisa ser individualizada, com o engajamento do cliente no desenvolvimento. Também deve respeitar preferências alimentares, incluindo tradição, cultura, religião, crenças e metas de saúde, além de recursos financeiros e objetivos metabólicos.
Para manter a glicemia estável, é importante focar na quantidade de carboidratos das refeições.
As fontes alimentares preferidas de carboidratos são as hortaliças, as frutas, as leguminosas, os grãos integrais e os laticínios, com ênfase em alimentos ricos em fibras.
Além disso, os clientes devem ser encorajados a evitar carboidratos refinados e adicionados.
Para pessoas com DM tipo 1 e aquelas com DM tipo 2 que têm prescrição de programa flexível de terapia com insulina, pode ser recomendada a contagem de carboidratos e até de gorduras e proteínas, ajudando no controle glicêmico.
Para aquelas com dose diária fixa de insulina, deve ser recomendado um padrão de ingestão de carboidratos com relação ao horário e porções.
Quais são os pontos de atenção na nutrição de pacientes com nefropatia?
O plano alimentar em nefropatia diabética deve ser adaptado às necessidades comportamentais, emocionais e clínicas do cliente.
Além disso, a American Diabetes Association prevê as seguintes metas para a intervenção em nutrição para adultos com diabetes:
- promover e apoiar padrões alimentares saudáveis, priorizando a variedade de alimentos ricos em nutrientes e em porções adequadas, para melhorar a saúde, manter o peso corporal e os níveis de glicemia, pressão arterial e lipídeos séricos, retardando ou prevenindo complicações;
- adaptar as necessidades individuais às preferências pessoais e culturais, ao acesso a alimentos saudáveis, ao acesso ao conhecimento e à disposição a mudanças;
- manter o prazer de comer por meio da orientação profissional livre de julgamentos sobre as escolhas alimentares do cliente;
- fornecer os meios para o desenvolvimento de padrões alimentares saudáveis, deixando de focar apenas em macronutrientes, micronutrientes ou alimentos isolados.
Como aprofundar-se na área?
Atualmente, a área de nutrição tem exigido conhecimento cada vez mais específico dos profissionais. Esse é o caso das pessoas com diabetes e suas complicações.
Quem sofre com nefropatia diabética e outros problemas renais precisa de cuidado individualizado, que leve em conta não apenas as necessidades nutricionais.
Assim, o curso de extensão “Diabetes e Nefropatia: Processo de Cuidado em Nutrição” apresenta toda a fisiopatologia da doença em seus diferentes estágios, suas possíveis complicações e abordagens nutricionais.
Mais que isso, discute todos os aspectos relacionados a nutrição, que também envolvem as intervenções com educação e aconselhamento, e o monitoramento dos resultados.
O fato é que a nefropatia diabética pode ser evitada por meio de estratégias simples, como o controle do peso e da pressão arterial, além de a alimentação adequada, que priorize alimentos naturais.
Para isso, é muito importante o acompanhamento nutricional adequado desde o diagnóstico do diabetes.
Cabe ao nutricionista sempre buscar formação aprofundada, que atenda às particularidades desse perfil de cliente.
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