A interação fármaco-nutriente é determinante para o sucesso no processo terapêutico e nutricional de um indivíduo.
A associação de alguns alimentos com substâncias químicas pode provocar tanto reações positivas quanto negativas.
Por isso, o nutricionista precisa conhecer a fundo essas interações para poder estabelecer, assim, um planejamento alimentar adequado para o seu cliente.
Neste artigo, abordamos os principais tipos de interação e respectivas consequências. Em seguida, mostraremos quais são as mais importantes e perigosas.
Continue a leitura e amplie o seu conhecimento sobre o assunto!
Afinal, o que é uma interação fármaco-nutriente?
Diz respeito à ação produzida após o consumo conjugado de um alimento e de um ou mais remédios, o que pode causar alterações nos efeitos farmacológicos esperado ou até mesmo biotransformação dos elementos químicos envolvidos.
Dependendo do contato entre os dois elementos, podem ocorrer implicações na eficácia do medicamento ou na manutenção do estado nutricional, aumentando ou retardando as funções digestórias.
As interferências ocorrem especialmente ao longo do trato gastrointestinal, ou seja, o efeito é mais intenso no estômago e no intestino.
A boca, a garganta e também o esôfago não sofrem intervenção de contato.
Vale ressaltar que a interação fármaco-nutriente depende de uma série de condições, tais como a essência dos nutrientes, componentes dos alimentos, características do fármaco, absorção do intestino, frequência do contato com as vilosidades que compõem o intestino, entre outros aspectos.
Quais os tipos de interação existentes?
Existem diversos tipos de interação fármaco-nutriente. As mais comuns são:
- o nutriente influencia a absorção de elementos químicos do medicamento;
- o nutriente altera a transformação de certas substâncias presentes no medicamento;
- alteração na eliminação do medicamento por interferência de algum nutriente;
- o medicamento altera o estado nutricional;
- o estado nutricional altera a metabolização de alguns medicamentos.
Dependendo da interação, ela poderá levar a alguma consequência indesejável, como a deterioração do estado nutricional e diminuição ou aumento do efeito de toxidade do elemento.
Por exemplo, se o cliente tem alguma doença crônica, a desnutrição pode acontecer devido ao uso de alguns medicamentos.
Esses casos são mais comuns em indivíduos com histórico de alguma deficiência energética no organismo ou mesmo de algum nutriente específico.
O nutricionista deve estar atento especialmente a alguns fatores de riscos, de forma a tornar essas interações mais previsíveis.
Quais as interações mais perigosas?
Antes de iniciar um tratamento nutricional com um indivíduo, é importante conhecer o histórico de uso de medicamentos consumidos por ele, pois os alimentos podem interferir na eficácia dessas drogas e vice-versa.
Confira a seguir algumas interações importantes e perigosas!
Antidepressivos combinados com toranja, café e alimentos fermentados
A depressão é uma doença combatida não só com tratamento psicológico. Muitas vezes, ela também é tratada com o uso de alguns fármacos.
Geralmente, os medicamentos são compostos por antidepressores tricíclicos, inibidores de monoaminoxidase, recaptadores de serotonina e a própria serotonina-norepinefrina.
Tais substâncias não reagem bem quando consumida com certas frutas, como a toranja, que é uma fruta ácida também conhecida como grapefruit, comum principalmente em sucos.
Durante o tratamento com antidepressivos, é importante evitar a sua ingestão, pois ela bloqueia a capacidade do organismo de decompor as substâncias dos antidepressivos.
O café, por sua vez, pode aumentar a pressão arterial quando em contato com antidepressivos que possuem a monoaminoxidase como componente.
Já os alimentos fermentados, como vinho, cerveja e iogurtes, inibem a monoaminoxidase, desligando os mecanismos de defesa do organismo e abrindo espaço para as aminas biogênicas que podem ter efeitos perigosos para a saúde.
Analgésicos combinados com peixes, alho e cebola
Toda dor sentida pelo corpo é transmitida por meio do sistema nervoso. Para combatê-la, o uso de analgésicos é o recomendado. Isso porque esse tipo de medicamento é capaz de diminuir e também interromper vias de transmissão nervosa.
Como são substâncias comumente utilizadas, vale a pena ter atenção ao contato com certos tipos de alimentos.
Os peixes e óleos de peixe, por exemplo, quando associados aos analgésicos, podem reduzir a função plaquetária, abrandando a coagulação sanguínea, o que pode provocar uma hemorragia interna.
Já alguns temperos como o alho e cebola, quando consumidos em excesso, podem ter o mesmo efeito sobre os analgésicos e agir como anticoagulante e também antiplaquetário.
Antibióticos combinados com alimentos lácteos
Os antibióticos são fármacos usados para eliminar certas bactérias do organismo, sem causar danos às células do corpo.
Por serem substâncias mais fortes, é preciso evitar alguns alimentos, como os derivados do leite.
Especialmente a tetraciclina, ciprofloxacina e penicilina não devem entrar em contato com o cálcio presente em leite e outros laticínios, porque esse componente é mais difícil de ser eliminado pelo organismo e diminui a eficácia do medicamento drasticamente.
Anticoagulantes combinados com alimentos ricos em vitamina K
Os anticoagulantes são responsáveis por impedir a formação de coágulos sanguíneos, por meio do bloqueio de substâncias coagulantes.
Apesar de os coágulos serem fundamentais no processo de cicatrização de feridas, em determinados casos, eles podem impedir a circulação e ocasionar graves problemas, como AVC, trombose, embolia pulmonar, entre outros.
Por isso, quando houver a necessidade de utilização de anticoagulantes, a pessoa precisa evitar o consumo de alimentos ricos em vitamina K, pois eles estimulam a produção de coágulos, interferindo no tratamento, o que faz com que seja necessário o aumento na dosagem da medição.
Nesta lista, entram as hortaliças verdes, espinafre, brócolis, couve, repolho, entre outros.
Medicamentos para controle da tireoide combinados com nozes, soja e fibras
A disfunção na tireoide pode levar ao hiper ou hipotireoidismo, dependendo do caso é necessário fazer o uso de medicamentos com hormônios para o controle das funções dessa glândula.
Logo, o nutricionista precisa estar atento a isso antes de prescrever a dieta de um cliente com a doença.
Nozes, fibras e também a soja devem ser evitadas, principalmente se o tratamento for feito com levotiroxina e similares.
Isso porque esses alimentos bloqueiam a absorção do medicamento, o que pode levar a prejuízos no tratamento da tireoide.
Por que o nutricionista deve conhecer essas interações?
Nessa lista que apresentamos, estão apenas algumas condições de interação fármaco-nutriente mais importantes.
Existem outras que o nutricionista deve conhecer, a fim de proporcionar um tratamento adequado aos seus clientes. Quando isso não acontece, coloca-se a saúde do cliente em risco.
Portanto, é indispensável que, durante a consulta, o nutricionista aplique um questionário sobre a utilização de medicamentos e faça um acompanhamento mais próximo, caso ainda estejam sendo usados.
Assim, ele poderá identificar se os alimentos indicados na dieta são neutros ou se interagem negativamente ou positivamente com o fármaco em questão.
Como vê, o conhecimento da interação fármaco-nutriente é essencial para nutricionistas de todas as áreas de conhecimento.
Por isso, ter uma especialização que capacite esse profissional para reconhecer com facilidade essas relações é um grande diferencial.
Quer saber mais sobre a qualificação?
Entre em contato conosco e descubra como podemos ajudar você!